Santa Teresinha do Menino Jesus

“Em 1898 aparecia a primeira edição da ‘História de uma alma.’ A autobiografia da pequena carmelita de Lisieux se tornaria o monumento da espiritualidade do século XX. Ainda que, imediatamente após a sua morte, o pequeno círculo do Carmelo de Lisieux já se desse conta do valor dos manuscritos, naquele momento ninguém podia prever o impacto e a irradiação que estas páginas teriam sobre as almas. A simplicidade e a força da mensagem evangélica e da doutrina paulina sobre a graça se puseram, mais uma vez na história da Igreja, a irradiar uma luz fosforescente, como balizas ao longo do caminho dos seres humanos em busca de Deus.”( História de uma alma, p.9-prefácio)

Santa Teresa de Lisieux1

“Tudo o que santa Teresa escreveu foi por obediência. É a obediência. É a obediência uma escuta forte e atenciosa que está na base da transparência que caracteriza as páginas de Teresa.” (História de uma alma, p.9-prefácio)

“Ela nunca se arriscou unicamente numa teologia da inteligência ou da razão. Praticou antes de tudo a teologia do coração. Porém essa teologia do amor é a única que é capaz de subir até o topo do saber sobre Deus. Teresa é a demonstração irrefutável do fato de que a teologia não se limita à mera abordagem científica e crítica do dado revelado.” (História de uma alma, p.10-prefácio)

“Teresa obteve essa inteligência do coração por um verdadeiro excesso de amor por seu Esposo e Senhor.” (História de uma alma, p.13-prefácio).

 Nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus

Nascida Marie Françoise Thérèse Martin (Maria Francisca Teresa Martin), era filha de Louis Martin e Zélie Guérin. Quando nasceu, era muito franzina e doente e, desde o nascimento, exigia muitos cuidados.

“Farei cair uma chuva de rosas sobre o mundo!” “Agora compreendo que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se admirar de suas fraquezas, em edificar-se com os mínimos atos de virtude que se lhes veja praticar; antes de tudo aprendi que a caridade não deve ficar estanque no fundo do coração”. (Santa Teresinha do Menino Jesus)

“É a nona filha, mas é muito querida, esperada, amada e cantada. Quinze dias antes do nascimento, Zélia escreve à sua cunhada de Lisieux: ‘Eu amo loucamente as crianças, nasci para tê-las.’ A pequena Teresa sentiu esse amor louco. Antes mesmo do nascimento, seu coraçãozinho “sensível e amoroso vibrou com aquela que a leva. Quinze dias após o nascimento, a mãe se abre mais uma vez acunhada: ‘Durante a gravidez, observei uma coisa que nunca acontecera com meus outros filhos; quando eu cantava, ela cantava comigo…Confio isso a você, ninguém poderia acreditar nisso.” Uma mãe que canta. Uma filha que vibra em uníssono. (História de uma alma, Introdução à edição brasileira, p.28-29)

Infância e adolescência

Aos dois anos de idade, Teresa já tem na sua ideia seguir a vida religiosa para grande alegria de sua mãe, mas para desgosto do seu tio Isidore Guérin (seu futuro tutor sub-rogado).

Quando Teresinha repousa, enfim, nos braços acariciadores de sua mãe, o céu se assombra. Ela fica doente, luta contra a morte. Para salvá-la, Zélia, então com quarenta e dois anos de idade e acometida de um câncer no seio, do qual morrerá menos de cinco anos mais tarde, vê-se obrigada a confiá-la a uma ama-de-leite, a “Rosinha”, que leva o bebê à fazenda de Semallé. Primeira e dolorosa separação para Teresa, com dois meses e alguns dias de idade.

No dia 28 de agosto de 1877, o sol de Teresa se põe. Zélia morre. Novo arrancamento, que fere a criança até o fundo da alma. Comum sentimento psicanalítico afinado, Teresa saberá fazer a ligação: “A partir da morte de Mamãe, meu caráter feliz mudou completamente, eu tão viva, tão expansiva, fiquei tímida e mansa, excessivamente sensível”.

Quando esta falece, seu pai muda-se com as quatro filhas para Lisieux. A prematura morte de sua mãe, quando tinha apenas quatro anos fez com que ela se apegasse a sua irmã Pauline, que elegeu para sua “segunda mãe”. A repentina entrada dessa irmã no Carmelo, fez a jovem Teresa, adoecer. Curada pela ‘Virgem do Sorriso’, imagem da Imaculada Conceição por quem seus pais tinham afeição, tomou uma forte resolução de entrar para o Carmelo.

Entrou para ser aluna na Abadia das Beneditinas de Lisieux, e lá permaneceu por cinco anos, porém após sofrer muitas humilhações, de lá saiu e passou a receber aulas particulares.

Quase ao completar quatorze anos, no Natal de 1886, Teresa passa por uma experiência que chamou de “Noite da minha conversão.” Ao voltar da missa e procurar seus presentes, percebe que seu pai se aborrece por ela apresentar comportamento infantil. A menina decide então a renunciar a infância e toma o acontecido como um sinal inspirador de força e coragem para o porvir.

Vida no Carmelo

Seis meses depois, Teresa decide que quer entrar para o Carmelo. Como a pouca idade a impede, é levada por familiares, em novembro de 1887, para uma audiência com o Papa, em Roma, para pedir a exceção, a chorar, ao Papa Leão XIII, contra a vontade do então Bispo de Lisieux. 

Em Abril do ano seguinte é finalmente aceita. Concedida a autorização ingressou em 9 de Abril de 1888 e tomou o nome de Teresa do Menino Jesus.

Fez sua profissão religiosa, em 8 de Setembro de 1890, e tomou o nome de Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, mas ficou conhecida após sua morte como Teresa de Lisieux.

Inclinada por temperamento à calma e a tristeza, Teresa com lindos cabelos castanhos, olhos claros e traços delicados, quando escrevia no seu diário “Oh! Sim, tudo me sorrirá aqui na terra”, atravessava uma época em que experimentava injustiças e incompreensões. 

Já atingida pela tuberculose, debilitada nas forças, não rejeitava trabalho algum e continuava a “jogar para Jesus flores de pequenos sacrifícios”.

Após seis anos na ordem, em 1894, almejando o caminho da santidade, Teresa percebe que não conseguiria pelas tradicionais mortificações, disciplina e sacrifício observadas pelos santos a quem se dedica a estudar. 
Inspirada nas palavras de um padre, Teresa adota a “Pequena Via”, um caminho pequeno e reto para a santidade, que consiste simplesmente em se entregar ao amor de Jesus Cristo, para que Ele conduza pelo caminho.

Morreu em 30 de Setembro de 1897, com apenas 24 anos. Disse, na manhã de sua morte: “eu não me arrependo de me ter abandonado ao amor”, e na iminência de sua morte disse às religiosas que estavam à sua volta: “Farei cair uma chuva de rosas sobre o mundo!” 

No dia 4 de outubro de 1897, foi sepultada no cemitério de Lisieux.

Pensamentos de Santa Teresinha

Jesus chama quem lhe agrada

“Tendo Jesus subido a uma montanha, chamou a si quem se agradou; e eles vieram a Ele (S. Marcos,cap.III,v.13). Eis aqui o mistério de minha vocação, de minha vida inteira e, sobretudo, o mistério dos privilégios de Jesus sobre minha alma. Ele não chama aqueles que são dignos,mas aqueles de quem se agrada ou como diz São Paulo: “Deus tem piedade de quem Ele quer e faz misericórdia a quem quer fazer misericórdia. Isso não é obra daquele que quer nem daquele que corre, mas de Deus que faz misericórdia. (Ep. Aos Rom. Cap.IX, v.15 e 16).”

Sabedoria

“Durante muito tempo me perguntei por que Deus tinha preferências, por que todas as almas não recebiam um grau igual de graças, admirava-me ao vê-Lo prodigalizar favores extraordinários aos santos que o tinham ofendido, como São Paulo, Santo Agostinho e que Ele forçava por assim dizer receber suas graças ou a ler a vida dos Santos dos quais Nosso Senhor se agradou de acariciar do berço ao túmulo, sem deixar em sua passagem nenhum obstáculo que os impedisse de elevar-se até Ele e prevenindo essas almas de tais favores que elas não podiam manchar o brilho imaculado de sua veste batismal; eu me perguntava por que os pobres selvagens, por exemplo, morriam em grande número antes de ter ouvido pronunciar o nome de Deus… Jesus dignou-se de instruir-me nesse mistério, pôs diante de mim o livro da natureza e compreendi que todas as flores que Ele criou são belas, que o brilho da rosa e a brancura do Lírio não tiram o perfume da pequena violeta ou a simplicidade arrebatadora da margarida do campo… Compreendi que se todas as florzinhas quisessem ser rosas, a natureza perderia seu adorno primaveril, os campos não seriam mais esmaltados de florzinhas.”

A perfeição consiste em ser o que Deus quer que sejamos

“Assim é no mundo das almas que é o jardim de Jesus. Ele quis criar os grandes santos, que podem ser comparados ao Lírio e às rosas, mas criou também os menores e os que devem contentar-se em ser margaridas ou violetas destinadas a alegrar olhares de Deus quando os abaixa aos seus pés. A perfeição consiste em fazer a sua vontade, em ser o que Ele quer que sejamos… Compreendi também que o amor de Nosso Senhor se revela tanto na alma simples que em nada resiste à sua graça como na alma mais sublime…”

Ensinamentos sobre a falsa humildade

“Parece-me que se uma florzinha pudesse falar, diria simplesmente o que Deus fez por ela sem tentar esconder os seus benefícios; sob o pretexto de falsa humildade não diria que ela é sem graça e sem perfume, que o sol lhe tirou o brilho e que as tempestades quebraram o seu talo ao passo que ela reconheceria nela exatamente o contrário. A flor que vai contar a sua história alegra-se por ter de publicar as amabilidades totalmente gratuitas de Jesus, reconhece que nada era capaz nela de atrair seus olhares divinos e que sua misericórdia sozinha fez tudo o que há de bem nela.”

Pureza

“Tudo é puro para os puros (…) a alma simples e direita não vê mal em nada, visto que de fato o mal só existe nos corações impuros e não nos objetos insensíveis… Rezei a São José para velar por mim; desde minha infância tinha por ele uma devoção que se confundia com meu amor pela Santa Virgem. Todo dia eu recitava a oração: “Ó São José, pai e protetor das virgens.”

Canonização

Sua irmã, Paulina, também carmelita, publicou em 1898 os escritos de Santa Teresinha, intitulados “História de uma alma”. 

No dia 17 de Maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 1927. O Papa João Paulo II a declara Doutora da Igreja em 1997.

Beatificação dos Pais

No dia 19 de outubro de 2008, Dia Mundial das Missões, em Lisieux, na basílica dedicada precisamente à sua filha, os pais de Santa Teresinha, Luís Martin e Zélia Guérin foram beatificados pela Igreja, em cerimônia presidida pelo Cardeal José Saraiva Martins. 

Na ocasião, Dom Saraiva Martins conclamou as famílias presentes “para que imitem os dois esposos e se tornem eles próprios lares santos e missionários.” Foi o segundo casal a ser beatificado pela Igreja Católica.

Reflexão

Em carta tornada pública em 1º de outubro de 2007, o Papa Bento XVI recordou que “Teresa de Lisieux, sem haver saído de seu Carmelo, (…) viveu à sua maneira, um autêntico espírito missionário (…) oferecendo ao mundo uma nova via espiritual lhe obteve o título de Doutora da Igreja. Desde Pio XI até os nossos dias, os Papas não têm deixado de recordar os laços entre oração, caridade e ação na missão da Igreja.” Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós. Amém

Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Teresa_de_Lisieux

https://biografiadossantos.wordpress.com/2010/04/03/santa-teresinha-do-menino-jesus/

Grifos nossos

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